domingo, 31 de maio de 2009

Fui roubado!


Uma das piores sensações que se pode ter nessa vida é a de ser assaltado. Não importa onde, como e com o que, a sensação de impotência, de insegurança e de medo que percorrem o seu corpo quando isso ocorre, deixa-o totalmente indefeso e sem ação.
Lembro-me da véspera do natal de 1984. Devia ser umas sete ou oito da noite. Não havia ninguém lá em casa. Todos tinham saido. Eu resolvi voltar para pegar algo. Quando mexi na maçaneta para abrir a porta, para minha surpresa, já se encontrava aberta. Assim que acendi a luz fiquei chocado com o que vi. Todas as gavetas e portas dos armários e dos guardas-roupas estavam também escancaradas. Quase todas as nossas vestes estavam amontoadas, formando uma pilha de roupas, á serem ensacadas e levadas. Tive medo. Tive ódio. Me senti desprotegido. Quem invadiu a casa dos meus pais para nos roubar? Não obtive respostas. Graças a Deus o "ladrão de galinha" deve ter ficado com medo quando eu cheguei em casa e fugiu pelos fundos sem ser visto, deixando para trás quase tudo que pretendia levar.
Mas minha mãe, anos depois, presenciou algo ainda pior.
Alguns ladrões invadiram a agência bancária, com armas em punho, e gritaram: "Todos no chão! Todos no chão! Isso é um assalto!
Os minutos seguintes foram de total apreensão. Ninguém sabia ao certo o que ia acontecer. As ameaças, a tensão e o pânico tomaram conta de todos. O gerente foi o alvo preferido dos bandidos. O caixa-forte era o foco a ser alcançado. Retirar milhões de reais dali o mais rápido possível e fugir era o objetivo principal deles. E para tais intentos aqueles homens encapuzados não estavam dispostos em medir esforços ou limitar qualquer tipo de escrupulo. Parecia que valia tudo naquela hora. E valendo-se mesmo das estratégias do terror deram tiros para o alto. Ameaçaram matar alguns daqueles reféns e até seguranças. Houve gritos, corre-corre, pavor e sensação de total insegurança. Minha pobre mãe, assim como outros correntistas que lá estavam, encolheu-se, pondo as duas mãos sobre a cabeça e permaneceu deitada de barriga no chão até que aquela loucura toda passasse. O drama foi tão grande que passados algumas semanas eu perguntei detalhes daquele assalto, e ela, coitada, ainda não conseguia se lembrar e dissertar com exatidão como aquilo tinha iniciado e muito menos como tinha terminado. Só soube me dizer que foi um alívio sair viva desse episódio.
Isso não é filme de Hollywood e nem novela da Globo. Infelizmente acontece todos os dias nas nossas cidades. Até mesmo naquelas cidades, ditas como tranquilas, este fato também ocorre. Só quem já passou por alguma situação assim sabe bem o drama que é.
SHALOM ALEICHEM

Trecho do livro: Quem és tu Domingo?
Na entrada da casa Francesco, ele já notara diferença. As portas e janelas, que antes eram mantidas fechadas, estavam escancaradas. Ao rodear a construção percebeu que os cavalos que mantinha nos estábulos também não se encontravam mais ali. As terras, antes cultiváveis, estavam destruídas. As plantações tinham sido pisoteadas e arrancadas. Nenhum camponês ficara para lhe relatar o ocorrido. A desolação do local era nítida. Após descer de seu cavalo andou pelo pátio inferior sem notar vida alguma nas imediações. As mulheres com quem vivia e dividia a moradia não eram mais vistas.
O que houve aqui?... Será que um desses bandos de mercenários invadiu minha propriedade e a saqueou, levando tudo consigo? Pensou ele ao ver tanta devastação.
- Mais que raios! Bandoleiros sem-vergonha! - Ele exclamou, chutando os vasos de plantas que havia ao lado da porta externa dos fundos da casa.
Ao adentrar os aposentos percebeu que nada mais havia.
- Levaram tudo! - Exclamou, surpreso.
Todos os seus pertences de valor haviam sumido. As roupas de guerra que muito prezava não estavam no lugar, alguns móveis adquiridos ás custas de grandes duelos, as tapeçarias que enfeitavam a sala, as espadas que mantinha como troféu e o ouro que guardava com enorme cuidado na arca da cabeceira, tudo isso havia misteriosamente desaparecido. Nas paredes nenhuma marca havia sido deixada pelos vândalos. Intactas, elas haviam sido preservadas. As camas também não tinham sido violadas e nem os seus odres de vinho pareciam terem sido tocados.
Isso não me parece obra de bandoleiros ou baderneiros. Talvez isso possa ser simplesmente obra de saqueadores lambões. Pensou Francesco Riva totalmente incrédulo e confuso com a visão da devastação encontrada.

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