sábado, 24 de abril de 2010

BRASÍLIA 50 ANOS



























Eu, a despeito de outras importantes notícias que ocorreram durante a semana, não poderia deixar esse fato passar em branco. Brasília, a atual Capital Federal, comemora 50 anos de sua fundação!

Em 21 de abril de 1960, a cidade foi inaugurada pelo então Presidente Juscelino Kubitschek. Portanto, na quarta-feira última, Brasília finalmente completou seu cinquentenário com muito orgulho e pompa.

Sou da geração posterior á criação da cidade de Brasília. Quando nasci ela já existia no cenário brasileiro. E, portanto, para mim - como para muitos que não se interessam pelos eventos do próprio País - ela sempre existira ali como é. Mas a história diz que não foi bem assim...

O projeto de construção de uma nova Capital vem desde a época do Brasil Império. Em 1823, José Bonifácio apresentou um projeto para mudança da Capital, sugerindo o nome "Brasília", mas o então governador D. Pedro I dissolveu a constituinte antes que ela pudesse aprovar o projeto. No final do século XIX uma missão explorou o Planalto Central e demarcou uma área de 14.000 km2 para a construção da futura cidade. Em 1955, o então candidato a Presidência da República, Juscelino Kubitschek, foi indagado durante um comício, se, caso ele fosse eleito, faria respeitar a constituição e transferiria a Capital para o Planalto Central. Juscelino prometeu que sim, e cinco anos mais tarde Brasília foi inaugurada.

Antes disso a Capital Federal era no Rio de Janeiro (mais anteriormente ainda já havia sido em Salvador). Por ser de posição estratégica, por exercer maior força do que as outras cidades das colônias, por ter um Porto movimentadíssimo, por concentrar as maiores riquezas e ser o maior escoadouro do metal e diamantes das Gerais (futuro Estado de Minas gerais), a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como Capital em 1763. Mas por motivos políticos, depois de quase 200 anos de hegemonia, a mudança de local, provocada por fatores, digamos, "inócuos", que foram desde a CENSURA e o ESTADO DE SÍTIO, passando enfim pela DITADURA, a Capital foi então transferida do Rio para a novíssima cidade que acabara de ser construída: Brasília.

Vivia-se então novos e belos tempos. Tempos de crescimento, de novos modelos econômicos, tempos agrários e de modernização. No seio da população embutia-se a idéia de que o País cresceria 50 anos em 5! O empreendorismo e o otimismo exacerbado tomaram conta do povo. E Juscelino era a representação maior daquele novo momento de sonho brasileiro. A nova capital surgia...

O plano urbanístico de Lúcio Costa (arquiteto e urbanista), denominado de Plano Piloto, consistia em construir escalas monumentais, tais como: o eixo da Explanada dos Ministérios, as superquadras Sul e Norte, os imensos gramados, lagos e jardins, e a área denominada de Gregária (setores de convergência da população), apelidadas de cidades satélites.
Um projeto tão audacioso desses deveria ser também oriundo de "cabeças" audaciosas. Ao ver os nomes de Burle Marx (paisagista), e Oscar Niemeyer (arquiteto), ligados á este plano, pode-se perfeitamente perceber a importância e magnitude que este feito teve para o Brasil do período pós-guerra.
Brasília foi então tomando forma. Foi sendo projetada e concebida como uma cidade altamente planejada, fantasticamente idealizada - com avenidas largas, grande imaginação e excelente vocação para o crescimento futuro. Até que finalmente - em tempo dito como recorde - Brasília ficou dignamente bela, espledorosa, magnifica e pronta. Bastava apenas inaugurá-la com grande folguedo.

Só que nem tudo foi pura festa...

Agora, quando se comemora 50 anos pelo grandioso feito, olha-se para trás e lembra-se de certas coisas que não foram bem explicadas na época. Uma das muitas denúncias era de que as empreiteiras demasiadamente se favoreceram:
"As obras de Brasilia levantaram assustadoramente o seu custo porque os empreiteiros nisso tinham interesse, pois recebiam 12% de comissão sobre o total do custo da obra. No serviço de administração contratada, os empreiteiros, no trabalho noturno, faturavam todo o pessoal da obra, quando na verdade só trabalhavam quatro ou cinco operários. Era um conluio a fim de aumentar a folha de pagamento e, em conseqüência, o montante sobre o qual incidia a comissão de 12%", escreve Lourenço Tamanini, citando denúncias da época, em seu livro Memórias da Construção.

Na ocasião tentou-se impedir a inauguração da nova Capital. Motivo: instauração de uma CPI para averiguar os gastos com a construção. Mas abafado o caso - talvez com PROPINAS E CERTAS VANTAGENS - o "cortejo" seguiu em frente.

O ex-Embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, afirmou que o Brasil gastou na construção da Brasília - corrigindo em dinheiro atual - o equivalente a 20 BILHÕES DE REAIS!
Apesar desse valor ser contestado, as contas verdadeiras nunca foram apresentadas, dando margem para expeculações e achismos. O que sabe-se ao certo é que houve excessos de gastos. Imprimia-se muito dinheiro na época e o efeito disso foi a alta inflação e a dívida externa. Com os excessivos juros cobrados pelos empréstimos, e as diversas mudanças da moeda nacional, a sensação é que povo brasileiro pagou essa mesma conta diversas vezes...

Isso sem contar o fato de também ter havido exploração de mão-de-obra.
Os candangos foram as "vítimas" da miséria e do exagerado otimismo que se pregava naqueles tempos.
Candango, nome de origem Africana, que significa "ordinário", "ruim", é ainda hoje o termo dado para quem vive em Brasília, mas que não nasceu na cidade. Na época de sua construção, candangos eram os trabalhadores que imigravam à futura Capital para os trabalhos pesados. Estes homens, com suas famílias - devido imensa pobreza e miséria em suas cidades de origem - imigraram rumo ao Planalto Central para obterem trabalho e sustento. Gente essa que sofreu com o calor, com os mosquitos, com os baixos salários, com a distância, com o serrado e com a discriminação. Gente essa que se viu, com o fim das obras, desamparada e mais uma vez sem recursos. E que tristemente acabou ficando sem identidade e se sentindo excluída novamente. Como meros coadjuvantes nessa "honraria", essa gente sofrida - sem ter outra escolha - "optou" por morar nas periferias da nova e bela cidade.

Se á 50 anos Brasília nascia, com ela nasciam também esses novos desafortunados. Centenas de pessoas comuns que ficaram largados á própria sorte para crescerem junto daquela que seria condecorada como A CIDADE DO SONHO. Se a cidade tem hoje o que comemorar, talvez esse "novo tipo de raça", essa "nova face do serrado brasileiro" não tenha muito do que se orgulhar. Afinal de contas esse povo deu de seu suor para erguê-la, mas em troca permaneceu invisível e sem status algum.


SHALOM ALEICHEM.

sábado, 17 de abril de 2010

A violência que assola nossa sociedade


















Esta última semana tivemos vários assuntos que fizeram parte das manchetes da TV. Aliás, é sempre assim. A vida está em constante movimento, e como tal os acontecimentos também não param de ocorrer. Mas como só posso ou devo abordar um único tema por vez, então vamos á ele (aquele que mais chamou minha atenção, para que eu teça alguns comentários).
No dia 13, terça-feira última, o empresário Rogério de Souza Werneck da Silveira, 53 anos, foi assassinado por um motoqueiro (desconhecido até então), quando chegava em sua residência, na Lagoa.
- Ah, isso são coisas corriqueiras!
- Esse tipo de crime acontece todos os dias!
- Basta ler os jornais para dar de cara com milhares de fatos semelhantes!
Comentários como os citados acima já se tornaram bastante banais em nosso meio. Muitos até nem se assustam mais quando o assunto é crime, morte ou assassinato.

Triste constatação...

Rogério era dono da empresa Jirau, uma das maiores empresas no ramo de andaimes tubulares. Criada em 1997, a Jirau atua no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. No Rio, por exemplo, a Jirau participa das reformas do Cristo Redentor e do Teatro Municipal. Segundo relatos ele era trabalhador, e um bom patrão, á ponto de se vestir com o mesmo uniforme de seus empregados. Mas pesam suspeitas de que, por Rogério ter dispensado 19 funcionários no último ano, alguns destes, indignados, o teriam ameaçado de morte. E dai veio o crime...

Lamentavelmente este empresário passará agora a fazer parte do quadro daqueles que perderam suas vidas por causa de algum tipo de violência fortuita ou praticamente gratuita. Talvez o assassino ficará impune e a justiça não fará nada. A família sim, essa ficará combalida e arrasada, traumatizada para sempre.

Estaria nossa sociedade, nossos moços e moças, cada vez mais violentos?

Em minha cidade são registrados cerca de 15 casos de agressões todos os dias! São facadas, socos, pontapés, armas brancas, enfim, todo tipo de coisa que é usada para agredir o semelhante. Já o número de óbitos eu ainda não tenho ciência, mas creio que esteja também aumentando a cada ano que passa. E olha que minha cidade, Teresópolis, região serrana do estado do Rio, ainda é considerada uma cidade calma...

São dados e mais dados, estatísticas e mais estatísticas. São boletins de ocorrência, fichas criminais, entradas nas emergências de hospitais, traumas e tragédias por todos os lados. São crimes e criminosos. São diversos mortos, feridos e agressores, todos juntos incrementando as páginas policiais, participando dos boletins jornalísticos e aumentando os indíces de criminalidade do nosso País.

Por mais que surjam religiões, pastores e igrejas a violência só aumenta. Por mais que se tente falar sobre educação e cultura, a paciência humana parece se esvair ainda com mais rapidez, permitindo que o lado animalesco e canibal venha á tona e se manifeste com brutalidade e fúria.

Agride-se ou mata-se por qualquer coisa e motivo, ou até mesmo sem motivo óbvio e real. Quer seja no trânsito, entre vizinhos ou num campo de futebol, lá está alguém sempre pronto para "perder a cabeça" pelo mínimo episódio ou caso.
Lembro-me bem da morte do empresário José Nelson Schincariol, dono da companhia de cervejas Schincariol, que ocorreu nos mesmos moldes deste da Lagoa Rodrigo de Freitas. Ele também chegava em casa á noite, de carro, e ao abrir o portão de sua garagem foi alvejado com vários tiros e morreu no local.
Geralmente é assim. São mortes estúpidas, cometidas por pessoas descontroladas e de maneira cada vez mais violenta, sem nexo e sentido algum. Basta ver o caso do pedófilo de Luziânia e suas seis vítimas...

Mas porque se agride ou se mata com tanta frequência e facilidade? Porque a vida não tem mais valor? Porque as pessoas estão tão perturbadas hoje em dia? O quê as aflige tanto?
Sabe, as vezes fico até com receio de lidar com o meu próximo. Pois quanto mais conheço o ser humano mais gosto dos meus bichos de estimação. Eles (os animais) não possuem este ódio desenfreado dos humanóides. Os bichos só matam para se alimentar. Jamais ofendem ou maltratam alguém. Nunca se degladiam por vaidade, ganância ou inveja. Não pensam em lucros, e portanto, não humilham ou tiram vantagens de seus pares. E se brigam é por domínio de território - coisa intríseca á eles -, mas nós já passamos da era das conquistas e dos descobrimentos. Então porque ainda nos degladiamos tanto?

Debater sobre a violência requer muita introspecção e análise. Resolver esse dilema em nossa sociedade é algo que irá exigir de nossas autoridades - enfim, de todos nós - muito diálogo e compreensão mútua. A morte de Rogério Werneck não pode passar impune. Não pode. E além da exigência de justiça o povo como um todo deverá também cobrar novos mecanismos de reparo e ordem, pois senão regridiremos 1000 anos ou mais em nossa evolução.

SHALOM ALEICHEM.

sábado, 10 de abril de 2010

É o "Bumba"-meu-boi...


















Cá estou eu, com uma nova postagem, um novo comentário, mas apresentando os velhos problemas de sempre...
E novamente por causa das excessivas chuvas...
Este blog, para quem o lê frequentemente, já está se especializando em falar sobre chuvas e enchentes. Não era minha intenção e objetivo quando inciei, mas devido o grande apelo popular, devido o grande caos e nível de tragédia que isso acarreta - até mesmo porque a imprensa "cai matando" quando fatos deste tipo ocorrem - então me sinto na obrigação de comentar sobre o deslizamento de grandes quantidades de terra no morro do Bumba, em Niterói, matando centenas de pessoas.
Para quem não é do estado, e que por consequência disso não conhece a região, o morro do Bumba fica localizado na comunidade do Cubango, nas proximidades da ponte Rio-Niterói, entre as áreas conhecidas como Zè Pequeno e Viçoso, ao sul da Rodovia Niterói-Manilha (RJ 104)- que leva os motoristas da zona urbana á região dos lagos (Cabo Frio, Rio das Ostras, Araruama, etc).
E foi esta região, o morro do Bumba, - onde a totalidade dos moradores são de pobres e desassistidos pelo poder público - a mais afetada pelo forte temporal que atingiu o estado nos últimos dias. Inúmeras casas despencaram do alto do morro, com inúmeras vítimas fatais, e incontáveis prejuízos...
Filme repetido esse, não? É só chover um pouco mais do que o "normal" e pronto, o estrago está feito. Foi assim em Angra dos Reis. Foi assim também em várias cidades de Santa Catarina no ano passado. E tem sido assim em todo o território nacional sempre que as águas despencam com vontade.

Mas o que é chover um pouco mais do que o normal? Qual a diferença entre chuva e temporal? Para o que as cidades foram ou estão preparadas?
Para algumas dessas perguntas a resposta parece até óbvia: Não há galerias que suporte a imensa quantidade de água que caiu...
Mas para os nossos governantes as cidades não estão preparadas para receber nada dos céus ou mesmo da terra. Sim, porque se houver algum terremoto em escala razoável tudo se desmoronará como um castelo de areia na beira da praia. E se chove um pouquinho só acima da média - como foi o que houve - dai é o caos que já estamos carecas de saber.
Então cabe aqui aquela perguntinha que nunca quer se calar: Para que serve essa cambada de engravatados do poder? Para que de 4 em 4 anos elegemos esse bando de paspalhões? Será só para eles assumirem os cargos e roubarem cada vez mais e mais?

Sabe, enche o saco ver o desmando das autoridades públicas. É sobre essa ótica que eu gostaria de focar meus próximos comentários...
Essa tragédia, a do morro do Bumba, com certeza absoluta, era uma tragédia anunciada. O Prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira - que dos últimos 21 anos governou a cidade por 15 -, confessou que sabia que aquela comunidade estava assentada sobre um lixão, e que este tinha sido desativado á uns 30 anos. Mas alegou que jamais imaginava que uma tragédia dessas proporções poderia acontecer ali.
Só pode ser piada de político, não?
Ele sempre se beneficiou do cargo e nunca fez nada pelo município que "governou". Deixou os moradores largados a própria sorte, e quando uma catástrofe se abateu sobre parte de seus eleitores, ele veio á público para dizer que não tinha noção da gravidade do problema...
Podres poderes, podres políticos. Com suas pobres desculpas e seus malfadados argumentos.
Porque esse sujeito, que se diz e se porta como maior autoridade em Niterói, não fez nada pela população carente daquele morro? Porque permitiu que a terra desabasse sem ter sequer movido um único dedo para melhorar a situação daquela gente?
Logicamente ele sabia da precariedade daquela comunidade. Daquela comunidade só não! Existem outras na mesma situação - assentadas sobre lixões -, e que já foram devidamente denunciadas pelo povo aos jornalistas, e ele sabe disso.
Será que esse enganador não vai fazer nada também? Será que vai esperar que outra tragédia ocorra?
E depois ele apareceu na TV dizendo-se preocupado com o número de vítimas... Ah, vá enganar outro!!!
Se ele estivesse mesmo preocupado fizesse algo preventivo. Se estivesse mesmo administrando seu município como deveria, tivesse feito obras de melhorias e contenção - e no caso dos moradores do Bumba, arranjasse ou contruísse casas populares para aquele povo - fora das áreas de risco - antes que estes viessem a perderem tudo, como foi o que houve.

Governar é antes de tudo servir ao povo. Governar é mais do que qualquer coisa, senão, procurar gerir o bem-estar da população e do meio em que se vive. Mas ao contrário disso os nossos "líderes" se apropriam do dinheiro público e governam apenas para o seu próprio umbigo.

Sei que não é hora para brincadeiras, mas fiz uma analogia do nome do morro em Niterói no título desta postagem. Pois Bumba-meu-boi é uma dança do folclore popular brasileiro, com personagens humanos e animais fantásticos. E desde pequeno eu também ouvia dizer que quando as coisas estão em desordem, em total e perfeito caos, enfim, na maior zona, que o jeito é ir no BUMBA-MEU-BOI, no salve-se quem puder; tipo assim, na base do VAMOS-SE EMBORA (DE QUALQUER MANEIRA). E infelizmente tem sido desse jeito, de qualquer maneira, que o povo dessa pobre comunidade vem sendo tratado á muitos e muitos anos.
O que nós podemos clamar por eles - não pelos que já se foram, mas sim pelos que ainda estão vivos - é: Até quando, meu D'us? Até quando isso perdurará?

SHALOM ALEICHEM

sábado, 3 de abril de 2010

PÊSSACH: A Festa da Liberdade
























Amados leitores, eu não disse que voltava? Pois bem, cá estou novamente, para compartilhar com vocês novas e boas postagens, dando sequência neste meu blog.
Muitos fatos tomaram conta dos telejornais nesta semana que passou - e que obviamente mereceriam destaque aqui -, mas um acontecimento em especial, que ocorre todos os anos, acabou tendo maior evidência, e merece de minha parte alguns comentários.
Você sabe o que é Pêssach? Por acaso já se deu conta das origens desta festa?
No mundo Ocidental os cristãos assimilam essa palavra e essa festa, traduzindo-a como Páscoa.
Mas você sabe o real e o original sentido disso? Afinal de contas porque comemora-se Pêssach (Páscoa)?
Para que vocês se situem e compreendam bem este episódio dou-lhes a referência do livro de Shemot (Êxodo), cap 12:1-51. Lendo este maravilhoso trecho Bíblico qualquer leigo poderá se inteirar á respeito dos acontecimentos que marcaram para sempre a história da humanidade.
Mas caso não queira ler sua Bíblia, não fique triste, vou dar-lhes um breve resumo:
O povo de Israel estava cativo no Egito. Moshe Rabeinu surgiu como um grande líder, ao lado de seu irmão Aharon, e juntos ousaram tirar o povo daquela situação.
Essa história é bem conhecida, não?
Pois bem, depois de tentar por várias vezes livrar o povo de Israel, trazendo com isso diversas pragas sobre o Faraó e os Egipcios, o Eterno, Bendito seja, avisou que lançaria a última praga (a décima), e que depois disso os Israelitas sairiam livres, escapando da escravidão.
Você, leitor, porventura sabe o que houve depois disso?
Alguns desavisados ou desinstruidos poderiam afirmar que depois disso D'us selou a sorte dos primogênitos, matando-os.
Só que não foi bem assim...
Sabe o que houve antes da última praga?
A famosíssima festa de Pêssach!
Ué??? - Possivelmente indagariam alguns.
Sim, foi isso! - Responderia eu, caso fosse necessário...

Foi nesse momento crítico e decisivo da vida do povo Hebreu que D'us instituiu a FESTA DA LIBERDADE! Antes mesmo de destruir todos os primogênitos do Egito, o Criador do Universo instruiu o seu povo para que este celebrasse o Pêssach ao Eterno.
A palavra Pêssach - vinda diretamente do Hebraico - significa: passar por cima, ou seja, saltar, pular. No inglês, PASSOVER, o significado também é altamente sugestivo: PASSAR SOBRE.

Bem, talvez você tenha lido até aqui e não tenha entendido bulhufas... kkkkk...
Trocando em miúdos:
Pêssach é uma festividade original Judaica, assim como todas as outras festividades Bíblicas (Shavuot, Sucot, Purim, etc)... Esta festa foi institúida por D'us para que fosse celebrada no dia 14 de Nissan (calendário Hebraico), á tarde, com pães não fermentados e um cordeiro assado, e para que o povo SEMPRE SE LEMBRASSE que D'us saltou sobre as casas dos filhos de Israel e feriu somente aos Egipcios.
E não só isso.
A festa duraria sete dias. Sete dias comendo pães sem fermento, ervas amargas e o cordeiro de Pêssach. Sete dias, com as pessoas reunidas em suas casas, lembrando os horrores do cativeiro, mas ao mesmo tempo alegrando-se pela liberdade que estava prestes a ser conquistada.
OBS: LEMBRE-SE QUE ESTA FESTA, E A PREPARAÇÃO DO CORDEIRO DE PÊSSACH, EM NADA TEM A VER COM OS SACRIFÍCIOS QUE ERAM FEITOS PARA EXPIAÇÃO DE PECADO OU OUTRA COISA DO GÊNERO. ESTE ÚLTIMOS SÓ FORAM INSTITUÍDOS DIAS DEPOIS, LOGO QUE D'US OUTORGOU A TORÁ NO MONTE SINAI, NO DESERTO, PARA SOMENTE SEREM REALIZADOS SOB O ALTAR, NO TABERNÁCULO E MAIS TARDE NO TEMPLO.(MAS ISSO SERÁ ASSUNTO PARA OUTROS TÓPICOS).

Nesses dias em que Ocidente e Oriente de certa forma se unem - guardadas as devidas proporções e diferenças entre uma comemoração e outra - para celebrarem Pêssach (Páscoa), cabe aqui uma mensagem atual que remonta os tempos da libertação do cativeiro.
Quando se é cativo, quando se está detido sob um regime, sob um Império ou um poder, na verdade se fica privado de liberdade. Não somente de liberdade física, mas também a pessoa fica sem liberdade intelectual. De muitas maneiras o "escravo" é obrigado a seguir regras e normas que poderão ir de contra seus princípios e opiniões. Cerceado de todos os lados, repleto de inimigos, recebendo todo tipo de ódio e opressão, sem ninguém que o salve, renegado por tudo e por todos; o cativo ergue sua voz e clama invariavelmente sem ser ouvido.
De forma semelhante esteve Israel no Egito. Mas D'us os ouviu! E quando D'us os tirou de lá - depois de séculos -, com mão forte, sinais, prodígios e maravilhas, eles finalmente perceberam como era bom ter de volta sua estima, sua importância, seu respeito, seu valor e sua liberdade. Pois foi á partir da travessia do Mar Vermelho, assim que os primogênitos dos Egipcios sucumbiram, que eles, o povo de Israel, puderam finalmente seguir pelo deserto para servir o seu D'us da forma como sempre desejaram.

SHALOM ALEICHEM