domingo, 10 de maio de 2009

Mão amiga


Existe várias formas e maneiras de se pedir por socorro. A mais clássica de todas é gritar mesmo. Ainda mais quando se está correndo algum perigo de vida. Mas existem outros jeitos.
Quando vemos alguém vendendo balas nos sinais de trânsito fica claro para muitos que aquela pessoa quer trabalhar, não tem oportunidades, e por isso recorre á esse tipo de exposição. Ela quer vender seu produto sim. Precisa arranjar algum sustento para levar para sua família. Mas no fundo, no fundo, se você tiver coragem de perguntar, e ela tiver ousadia de se abrir, você verá que o que ela precisa mesmo, e quer, é uma ajuda, um auxílio, um socorro para sua desesperada situação.
Assim também o é com aqueles meninos e meninas que fazem malabarismos de circo nas ruas e nas calçadas. Ou com aqueles que veem até a porta de sua casa para oferecer produtos dos mais variados possíveis. Todos esses, e muitos outros, na verdade não precisam de esmolas, e sim de apoio, de emprego, de socorro...
Um amigo meu, inferiorizado na vida até este momento, quando indagado pela a sobrevida que leva, costuma dizer: "- Nem todo mundo tem ou teve as mesmas chances."
É verdade. Nem todos conseguem visualizar ou conhecer alguém que esteja a fim de ajudá-lo a sair do buraco.
É comum vermos nos dias de hoje muitos desses desgraçados e desfavorecidos, praticamente entregues ao Deus dará, terem chegado á esse estágio por erros em sua própria caminhada. Cometeram deslizes imperdoáveis e agora estão jogados, descriminados, descartados e condenados á um fim miserável e infeliz. Mas também é comum vermos pessoas cultas, com diplomas, inteligentes, autamente capazes e ainda em fase produtiva já sendo totalmente excluidas do mercado de trabalho e sem chances de recolocação. Ambas, tanto as que erraram e são até certo ponto incapazes, quanto as que possuem algum grau diferenciado, merecem e clamam por socorro e ajuda.
Isso é o que eu costumo chamar de prisão do capitalismo. Sem emprego, sem profissão e sem dinheiro apenas teem a sepultura diante de si. Isso caso algum parente puder pagar. Portanto feliz é aquele que tem onde recorrer. Sortudo mesmo é quem encontra uma mão amiga estendida.
SHALOM ALEICHEM

Trecho do livro: Quem és tu Domingo?
- Este blasfemo permanecerá preso tempo suficiente e receberá o castigo necessário para que aprenda a não desafiar a Igreja! - Disse um dos Cardeais responsáveis pela prisão de Enzo.
E assim foi feito. O rebelde Enzo Strozzi se tornou, á partir desse dia, um encarcerado.
Bonifácio pensava na enrascada que se metera ao ter prometido á Boullon, seu pai, que cuidaria de seu amigo.
Meu pai não me perdoará por não ter conseguido impedir a prisão de Enzo.

Andando de um lado para o outro impacientemente, assim estava Bonifácio, agora em sua casa.
Só daqui á algumas semanas é que me concederão uma audiência com o Papa, meu Deus... O que farei até lá? Boullon está no Oriente e nada poderá fazer por ele. Enzo não pode ficar todo este tempo detido naquele cárcere... Tenho que fazer alguma coisa...
A mãe de Bonifácio observava a impaciência e desespero do filho. Taças e mais taças de vinho eram ingeridas, mas ela não tinha coragem de aproximar-se e dizer qualquer coisa. Na mente do jovem Bonifácio passava a clara imagem de seu pai aconselhando-o para que evitasse que Enzo Strozzi cometesse alguma bobagem:
“Enquanto eu estiver fora, acompanhe ele onde quer que vá. Impeça-o de cometer alguma asneira, faça isso por amor á mim, certo?”

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