quinta-feira, 30 de abril de 2009

Quer passar? Então pague!


Você sabia que pedágio é uma coisa bem antiga?
Fazendo algumas pesquisas para elaboração deste romance deparei-me com algo inusitado. Já naquele tempo havia uma verdadeira imposição na cobrança de pedágio. Os trechos onde o viajante podia trafegar com mais segurança era justamente aquele onde havia sentinelas e pedágio. Nesses acessos, onde as ruas eram calçadas, as pontes eram mais firmes, e os perigos eram mantidos á distância, é que se cobravam os soldos. Isso era ato comum nas terras do senhor feudal - aquele que detinha o poder de uso da terra - pois, qualquer estranho (visitante, turista ou vizinho) que tentasse atravessar as demarcações limítrofes, eram então obrigados a pagarem um soldo - valor em dinheiro - para os homens que faziam a guarda.
É claro que a trezentos, quatrocentos, quinhentos anos atrás não se tinha os dispositivos tecnológicos que se tem hoje em dia. Não havia radares, nem faróis ou sinais luminosos, cancela eletrônica, câmera de vigilância, etc. Também não se tinham tantos usuários assim, como nas estradas municipais e federais do nosso País. As estradas também não eram asfaltadas como as nossas. Até porque os "carros" da época iam abanando o rabo e defecando pelo caminho.
Mas ainda há uma outra grande diferença que eu gostaria de registrar.
Quem cobrava as taxas de pedágio não era um Rei, um Papa ou um outro Monarca. Quem cobrava e recebia o dinheiro dos transeuntes era o próprio dono das tais terras. Essa diferença pode parecer pequena, mas não é não. E digo porque. O que esse Vassalo, esse senhor feudal, fazia com este dinheiro? Quanto cobrava? Como cobrava? Qual o critério que utilizava para impor seu preço? Todos pagavam a mesma quantia?
É claro que não. Nenhum padrão havia. Uma grande comitiva, com várias carruagens repletas de bagagens, significava que poderia conter muito ouro e jóias. Portanto quem ditava a ordem das coisas era "a cara" do freguês. Uma simples travessia podia custar bem caro...
SHALOM ALEICHEM

Trecho do livro: Quem és tu Domingo?
As ruas que davam de Palência até na direção de seu destino final na verdade eram verdadeiras vielas, logradouros estreitos, cheios de curvas, totalmente sem calçamento. Era semelhante ao caminho feito pelos seus parentes de Caleruega, que também transitaram na maioria do tempo entre florestas, charnecas e pradarias. Mas algumas paisagens próximas á Burgos sofreram alterações. Já não havia jardins e nem pomares. As terras abandonadas ocupavam a maior parte das áreas, restando apenas uns poucos arbustos e ervas. Grande parte do calçamento havia sido retirada para a construção de casas. Agora os buracos estavam por todas as partes...
...Alguns poucos trechos entre os vilarejos feudais não possuíam essa triste constatação de abandono e descuido. E nas pouquíssimas estradas que se encontravam em condições ideais de tráfego, o que mais se via eram cavaleiros bem armados cobrando pedágios. Ruas de calçamento em pedra, que davam em direção á grandes Catedrais, sempre tinham homens á postos para impedir quem tentasse passar sem pagar as taxas exigidas pelo senhor feudal. Qualquer ponte rusticamente erguida de pedras não lavradas necessitava-se pagar um soldo para atravessá-las.

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