quinta-feira, 11 de junho de 2009

Gente boa...


Podemos difamar ou elogiar alguém. Cabe a cada um, em seu juízo, razão e análise, determinar se beltrano ou cicrano são de fato gente boa. Isso é muito comum em nosso meio. Na sociedade em que vivemos e fomos criados nós aprendemos dessa maneira. Quando alguém diferente se aproxima para realizar um negócio de compra ou venda, ou simplesmente para conversar, sempre precisamos resolver essa básica questão: ele é ou não é gente boa? Dai consultamos alguém que conhece aquele indivíduo de outros carnavais para termos uma opinião senão apenas aquela de nossa primeira impressão visual.
Como podemos afirmar que uma pessoa é de fato honesta, verdadeira e idônea? Como adquirir subsídios para realizarmos uma afirmação dessas com pequena margem de erro? A resposta é que não há como ter certeza.
Uma mesma pessoa pode ser ruim ou boa. Uma mesma pessoa pode ser verdadeira ou falsa, justa ou injusta, alegre ou triste, prestativa ou não, despreziva ou não. Tudo vai depender da situação e do seu oposto. Joaquim acha que Manoel é um cara legal. Mas Juca desconfia e não gosta nada, nada de Manoel, e diz que ele é uma pessoa ruim, um péssimo sujeito, um bad guy. Pode até ser difamação ou mentira, mas o fato é que para um o sujeito posto no exemplo acima é bom, enquanto que para o outro ele não vale nada.
Já me ocorreu essas duas situações distintas na vida. Eu também já fui julgado das duas formas. O que aprendi foi: Ninguém é totalmente ruim e ninguém é totalmente bom. Todos nós temos defeitos. Todos os seres humanos possuem aquilo que a Torá chama de ciência do bem e do mal dentro de si. Ou seja, a inclinação e o conhecimento para um e para o outro lado. Depende de qual lado deixaremos fluir melhor as nossas ações. O lado optado sem dúvida se manifestará mais. Só que o seu lado B estará ansioso para lhe pregar uma peça tão logo você der vazão a ele.
Portanto, parafraseando um dito da justiça, digo: todos são gente boa(inocentes) até que se prove o contrário.
SHALOM ALEICHEM

Trecho do livro: Quem és tu Domingo?
- Aqui nas montanhas você estará seguro, - disse Pedro Valdo á Enzo, depois que este foi recolocado em uma acomodação diferente.
Enzo agora se encontrava em um cômodo exclusivo para homens. Sem entender ele estava agora fazendo parte daquele estranho grupo. Pedro, o líder deles, havia tomado esta atitude depois que foi informado por Margarida quando ainda estava nas plantações. Aquele enfermo e moribundo homem, trazido por Boullon até o convívio e cuidados das bruxas, e também vindo de uma seita religiosa perseguida, apresentava melhoras consideráveis, e por isso seria mantido ali.
Pedro Valdo observava-o e concluía que brevemente Enzo sairia daquele estado inerte em que ainda se encontrava. Para acalmá-lo ainda mais, achegou-se para perto da cama, esticou uma das mãos e disse:
- Nós somos pessoas boas e de paz. Fique tranqüilo e recupere-se.
- Eu, eu não sei o que dizer...
- Não diga nada, - retrucou Pedro Valdo entendendo perfeitamente o que se passava em sua mente...
Algumas semanas se passaram.
Nessa época Enzo Strozzi já estava quase totalmente recuperado das enfermidades, mas ainda permanecia deitado em seu leito...
- Quem são vocês e o que pretendem fazer comigo? Eu já estou praticamente curado e... - Enzo Strozzi indagava e questionava, curioso com o que seria de si.
Pedro Valdo o esquadrinhou e depois disse:
- Quanto a nós, bem..., nós somos um povo que habita nestas montanhas e que coexiste pacificamente sem agredir á nenhum outro povoado, grupo ou aldeia.

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