domingo, 22 de janeiro de 2012

Kodak, perto do fim?




















A centenária companhia fotográfica Eastman Kodak apresentou perante um tribunal de Nova York um pedido de concordata para reorganizar seus negócios. A informação foi divulgada pela própria empresa, nesta quinta-feira (19), por meio de comunicado. "A companhia e suas subsidiárias nos EUA entram com pedido voluntário de 'proteção' ao Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos", afirmou em nota.

A Kodak pediu concordata depois de não ter conseguido captar dinheiro para financiar uma recuperação financeira de longo prazo. Com o pedido, a empresa pretende reforçar a liquidez nos Estados Unidos e no exterior, rentabilizar a propriedade intelectual não estratégica, solucionar a situação dos passivos e concentrar-se nos negócios mais competitivos.
Pioneira dos processos fotográficos, a Kodak foi fundada em 1888 com sede em Rochester (Nova York). Há décadas, porém, a empresa luta para lidar com a concorrência emergente no segmento fotográfico, o que se acentuou com o surgimento da tecnologia digital.
Sua cartada final - uma tentativa de se transformar em uma empresa que vende impressoras - revelou-se algo demasiadamente caro em meio às vendas em declínio do filme fotográfico e às caras obrigações pagas aos funcionários aposentados.
O Capítulo 11 da lei de falências americana (Bankrutpcty Code) permite a uma empresa com dificuldades financeiras continuar funcionando normalmente, dando-lhe um tempo para chegar a um acordo com seus credores.
Para tanto, a empresa precisa entrar com uma petição junto a uma corte do país. A discussão sobre o termo se dá porque esse documento é chamado "bankrutpcy petition". A legislação americana define "bankruptcy" como "procedimento legal para lidar com problemas de dívidas de indivíduos e empresas". Sua tradução para o português, no entanto, é "bancarrota" – termo que equivale à falência da empresa. Ao arquivar a petição, no entanto, a empresa entra em um processo que se assemelha mais, no Brasil, à recuperação judicial

Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/01/kodak-pede-concordata-nos-eua.html

Para quem, como eu, que pensava que a Kodak era uma empresa japonesa, enganou-se. Para quem, como qualquer ser humano comum, que vende o almoço para comprar a janta, que pensava que uma empresa dessa estava imune as artimanhas do mercado, também enganou-se.
Para quem, que imaginava que certas mudanças de hábito - tais como não revelar mais seus filmes fotográficos, por possuir uma câmera digital, um ypod ou um tablet - não afetaria uma gigante como a Kodak, nesta semana última provou-se que tal pensamento estava totalmente equivocado.

Mas no fundo, no fundo, quem diria que algo assim ocorreria? Uma companhia de sucesso, e bota sucesso nisso, afetada pelo crescente "bum" da tecnologia - que subitamente transformou cada um de nós em hábeis fotógrafos, ousados câmera-mens, intrépidos curiosos por querer registrar tudo que se passa diante de nossa retina - e que, sem que percebessemos, fez com que nos esqueçecemos da grande pioneira disso tudo. Resultado: A bancarrota da Kodak.

Mas ela, a Kodak, depois de tanto anos, estaria perto do fim?

Quem nunca precisou dos filmes desta empresa para fazer "eternizar" um daqueles belos e felizes momentos da vida? A cerimônia de casamento, o nascimento de um filho, o aniversário de um ente querido, a formatura, a casa nova, o carro dos sonhos, a viagem das férias, as belas paisagens do balneário, etc, quem nunca fotografou e depois mandou revelar tais imagens?
Lembro-me muito da minha infância. Tudo era registrado em retratos. Minha mãe era a mentora deste gosto familiar. Ela gostava que nós, eu e meus irmãos, ficássemos sempre arrumadinhos para posarmos para as tradicionais fotos. Aliás, o fotógrafo era contratado de fora. Quase ninguém possuía habilidade para exercer esta "árdua tarefa". O filme ainda era preto e branco. Mas nós gostávamos do resultado. Ainda mais com aquelas "caixinhas" de micro-filmes, tipo mini-binóculo, que tinhamos de olhar contra luz solar para verificar se tínhamos ficado "bem na foto", rsrs...
Se íamos á praia, a cachoeira ou á piscina, lá estava ela, a inigualável câmera fotográfica portátil - que, rememorando-a hoje em dia, mas se parecia com um antiquado tijolo marron - contendo um pequeno rolo de filme, da Kodak, claro, para perpetuar aqueles doces e felizes momentos.
Nos atuais dias qualquer criança de 5 anos sabe "bater" uma foto. Naquela época não. Manipular, utilizar, por em foco, enquadrar o objeto a ser fotografado, enfim, era uma arte...
Oh, que saudades daquele tempo! Pura nostalgia!
A infância, minha no caso, deliciava-se com os primeiros passos da tecnologia, desta tecnologia... Tudo era novo, diferente, legal e belo! E pensar que a Kodak fez parte deste pedaço da minha vida...
Depois vieram as concorrentes. Recordo-me só da Fuji-film. Mas haviam outras. Só que ninguém queria "coisas do Paraguai". A maioria das pessoas exigiam que fosse Kodak. Filme bom era da Kodak, e ponto final.
E nisso os anos foram se passando e a empresa cada vez mais se consolidando. Duvido que haja alguém que não conheça este nome: Kodak. Talvez a nova geração, nascida já "dentro" da era digital, não saiba. Ainda assim creio que levará um bom tempo até este emblemático nome seja parcial ou totalmente esquecido.

É, mais uma grande empresa se corrói, não acompanha a necessidade do mercado atual, e cai. Esta é a realidade de um mundo globalizado. Talvez a realidade de um mundo altamente tecnológico, veloz, competitivo e em constante mudança. Quem não consegue acompanhar as mudanças, fica pelo caminho e é ultrapassado. Isso serve de lição para todos nós. Parece que o mundo, hoje em dia, gira mais rapidamente. E como na roda gigante, quem está em cima, pode muito bem estar por baixo amanhã. A Kodak é a "bola da vez", encarando seus piores dias, depois de grande opulência, prestígio e poder.

Manter-se no topo é realmente muito mais difícil do que simplesmente atingí-lo. E como o tombo de uma grande e frondosa árvore é muito maior do que um simples limoeiro, somos obrigados a assistir mais um destes inesperados infortúnios empresariais.
Ops!
Parece até discurso de despedida. Quem sabe esta empresa ainda se recupere. Quem sabe, ainda saia das grandes dívidas e volte a fazer parte das nossas vidas. Com produtos novos, com tecnologia ainda mais revolucionária, mas com o mesmo glamour de antigamente.

SHALOM ALEICHEM.

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